Em meados de 68, a revista “Realidade” (revista já extinta) do Brasil enviou o jornalista José Hamilton Ribeiro para cobrir de perto a Guerra do Vietnã. Alias o único jornalista brasileiro a estar em Saigon em tempos de Guerra. Infelizmente José Hamilton, foi vítima de uma mina terrestre que mutilou uma de suas pernas. Anos depois ele escreveu “O gosto da Guerra”, um vivido relato do jornalista sobre o conflito. Durante uma entrevista falando sobre o Vietnã, José Hamilton disse “Em uma Guerra a primeira coisa que some é a verdade”. A frase não é dele, mas certamente se traduz em uma verdade em qualquer tempo!
“Manipular a massa” é mais difícil nesse século XXI, pra cada “verdade absoluta” dita por um jornalista, possivelmente há uma enxurrada de outras que o desmente. Mudar de opinião é algo louvável. Admito! Mas mudar do nada sem explicação... abre uma boa margem para discussão. Mudou porque? Fato novo? É pessoal ou Profissional? O que tem de coerência? Credibilidade?
Em 2009 o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou a não obrigação do diploma para exercício da profissão, houve uma redução pela procura pelo curso. Natural não é? Para que estudar anos se você pode “exercer” a profissão livremente?
Na época vários jornalistas se posicionaram contra ao STF. A jornalista Astrid Fontenelle externou sua opinião, dizendo que ela não tinha medo da concorrência, mas sim do que os aventureiros poderiam fazer com essa “liberdade”. Felizmente em agosto desse ano o senado aprovou uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional), que torna obrigatória a obtenção do diploma de curso superior para o exercício da profissão. Mas a discussão segue em Brasília.
Ninguém vive de magia, pedras podem quebrar ossos, mas palavras podem matar a alma. Ao jurar exercer a profissão assumindo o compromisso com a verdade, o jornalista não pode a seu bel prazer inverter os valores de seu juramento. Qualquer jornalista em sua essência é um curioso, um contador de histórias nato.
Pode ter opinião? Deve. Pode dar a sua visão dos fatos? Pode. Pode usar da sua influencia para movimentar a opinião pública?
Credibilidade é algo construído, é como a reputação. Levam-se anos para construí-la e 5 minutos para perdê-la. Vivemos num país livre, democrático.
O Artigo 5º da nossa Constituição Federal (CF) traz em seu inciso IV, “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”, somos livres para dizer o que queremos. O inciso V garante o direito de resposta, afinal “quem fala o que quer está sujeito a ouvir o que não quer”.
Em um mundo conectado como o nosso, informação circular na velocidade do pensamento, o conhecimento sobre os fatos, transcende o domínio de quem por tradição tem por hábito divulga-lo.
“Manipular a massa” é mais difícil nesse século XXI, pra cada “verdade absoluta” dita por um jornalista, possivelmente há uma enxurrada de outras que o desmente. Mudar de opinião é algo louvável. Admito! Mas mudar do nada sem explicação... abre uma boa margem para discussão. Mudou porque? Fato novo? É pessoal ou Profissional? O que tem de coerência? Credibilidade?
Nesse momento a Supremo Tribunal Federal (STF) julga o caso do mensalão. Somos testemunhas de um marco histórico, para nosso país. A imprensa teve papel crucial para que fosse desmascarado o esquema.
A impressa é o 4º poder!
Em 62 logo na primeira história do Homem-Aranha, seu criador Stan Lee nos premiou com uma pílula de sabedoria “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”, muitos creditam a frase a Voltaire, mas foi através de Peter Parker que ela ganhou o mundo.
Acho-a apropriada para o momento!
Voltando a década de 60 no tempo em que jornalismo era quase literatura. Paixões explodiam e isto se refletia no mundo, nas pessoas. Nessa época parecia que o mundo estava do avesso e tudo poderia ser refeito. Época que ouvir Caetano Veloso era subversivo, amoral. Mas acreditava-se em valores. Naturalmente isso repercutia no jornalismo, que reproduzia aqueles tempos em reportagens que marcaram.
Mas como diz meu avô “tem horas que não reconheço mais esse mundo”, toda aquela efervescência parece não existir mais. Dizem até que o mundo “emburreceu”, vejam só!
Dessa época veio à ideia de que o jornalista deveria contar grandes histórias, narrar fatos marcantes, desnudar a verdade, informar a população de grandes acontecimentos.
Mas hoje, em pleno 2012 o que vemos? Enxergamos essa literatura toda?
Cazuza profetizou “o tempo não para”, a sociedade do consumo é real, ansiamos por novidades. Existe uma máxima em marketing que diz: “você deve preparar o seu potencial cliente, para consumir o produto que ele não sabe que existe, mas que você fará ser de suma importância pra ele no futuro, mesmo que seja supérfluo”.
O ser humano tem sentimento de manada. Basta convencer alguns, que o resto virá espontaneamente.
Isso se reflete no jornalismo!
Não basta saber a que a mocinha da novela das oito, toma banho duas vezes por dia. Isso qualquer jornalista publica. A coisa é ter “informação privilegiada”. Ela toma banho duas vezes e...... segue uma longa lista de toooodos os produtos usados, no pré-banho, no banho, pós-banho. Se tiver foto do banho melhor! Documenta né, foto com legenda é o plus da reportagem.
Um jornalista antenado do século XXI, que se preze tem uma rede de informantes. Uma rede de fontes. Um emaranhado de contatos que faz as notícias chegarem a ele com pouco ou nenhum esforço. Mérito de quem tem. Vamos ser honestos.
Mas quanto vale uma história?
E meados da década de 90, veículos voltados para a vida de celebridades, eram poucos, podíamos contar na mão. Hoje, é a vertente do jornalismo que mais “cresce”, uma indústria que movimenta milhões por ano. A máxima “uma boa história, uma boa capa, um bom prêmio”, ganha uma versão atualizada “uma bomba, rende uma capa, que gera retorno em dinheiro”.
Credibilidade não pode ser mensurada pelo número de fãs, e seguidores ou pela quantidade de curtidas. A ética não pode ser paltada pela “informação privilegiada”.
Não pense que não há muito que fazer.
Jornalistas como José Hamilton Ribeiro não estão em extinção, um Alexandre Garcia, uma Maria Gabriela, ou a Monica Waldvoguel, com o Caco Barcelos não me deixam mentir. Os bons são maioria!
A questão é saber separar. O que é jornalismo e o que é oportunismo!
Porque daqui algum tempo eu estarei novamente citando Cazuza: “Eu vejo o futuro repetir o passado / Eu vejo um museu de grandes novidades”.
E no meio desse futuro promissor a frase citada no início do texto poderá ser adaptada, pois servirá para retratar a tendência “no meio de uma guerra de informações privilegiadas, a primeira coisa que some é a verdade dos fatos”.
Sabias palavras...amei o texto.
ResponderExcluirvery good written article. It will be a good support to anyone who utilizes it including me. Keep doing what you are doing can't wait to read more posts very nice article 안마
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